Mais do que vender mais, esta questão começou a ser uma questão de honra. Sentíamos há muito a necessidade de pôr o vinho a contar a história do avô, a representar a experiência que ele tão dedicadamente tem passado de geração em geração e a legitimidade da região, a Beira Interior, enquanto produtora de vinhos de excelência. A clareza desta ideia circulava nas nossas mentes mas ainda não estava reflectida no rosto deste nosso vinho de produção familiar. Alguns podiam já conhecer-lhe as notas de prova, mas muitos ainda não se sentiam convidados a prová-lo. Com o aumento da produção, a possibilidade de exportação e a presença nas feiras e novos pontos de venda, esta ideia começou a ganhar contornos de compromisso para com os nossos actuais e potenciais consumidores. Transmitir a nossa razão de existir de forma clara, inspiradora e nobre, era um dever de respeito para com quem aprecia bom vinho no geral, ou o Monte Barbo em particular. E porque a sorte não favorece quem dela fica à espera, não conseguimos adiar mais a decisão de investir numa missão: procurar quem desenhasse a nossa alma e que ilustrasse a nossa qualidade, que escrevesse a história deste vinho, transformando as garrafas Monte Barbo numa proposta de todo o valor que tem no seu interior.
Descobrimos que, apesar de termos rótulos, não tínhamos uma marca, e que é essencial difini-la para ter impacto no mercado. “Uma marca é uma ideia. Uma ideia que se deposita na mente do consumidor. Mas as ideias não existem até se tornarem tangíveis”. Disse-nos a Susana, directora criativa da Oland, o atelier de design e comunicação multidisciplinar a que recorremos. E isto foi apenas o início da conversa. Contámos a nossa história, falámos sobre valores como excelência, resiliência, dedicação e familiaridade e deles a equipa do atelier destilou o briefing para iniciar o processo criativo.
Ao contrário do que muitos possam julgar, a criação de uma marca tem mesmo um processo. Não se trata apenas de testar umas cores e letras e fazer uns bonecos. Tem critérios, exigências, regras, objectivos. Um processo criativo começa com uma estratégia para a marca, que deve culminar no encontro de um insight (algo que nos faz olhar para o assunto a partir de um ângulo novo e original). A partir do insight geram-se conceitos e, de cada conceito, podem gerar-se várias ideias, as tais tangibilizações necessárias à compreensão da mensagem que queremos transmitir. Não existem cores por acaso, não é uma questão de gosto pessoal mas sim de definição da personalidade da marca, a beleza não é discutida porque é um dado adquirido. Harmonia e equilíbrio estético, bem como design com propósito e foco, noção de negócio, preocupação com os objectivos e respeito pelo produto são pontos garantidos quando recorremos a profissionais de design e comunicação criativa. E a diferença que isso faz significa muitos pontos a favor do negócio.
Foi definida a essência da marca, que se traduz num conceito claro e de tom decidido: A força do interior. Era preciso então exteriorizar essa força de vontade que nos torna sobre-humanos e que ao mesmo tempo representa uma região cuja força e qualidade se quer reconhecida com orgulho. O universo gráfico dos rótulos da marca Monte Barbo inspira-se em elementos míticos (ou não estivéssemos nós a falar de um néctar dos deuses) combinados com motivos gráficos nobres e complementos orgânicos. O crescimento é simbolizado em tramas gráficas inspiradas nas vinhas e presentes nas formas triangulares dos traços. As montanhas que protegem a produção do Monte Barbo foram personificadas em rostos robustos, como se de deuses se tratassem. As raízes de traço orgânico adornam ornamentos gráficos de estética nobre. O rigor e a harmonia estão no equilíbrio da composição do rótulo, fértil em expressão visual.
Um rótulo cheio, rico e intemporal, como a alma que temos quando fazemos algo maior do que tudo o que somos.
No entanto, o entusiasmo de uma nova geração de produtores aliado a condições de produção favoráveis e a um mercado que cada vez mais legitima estes vinhos à mesa, motivaram esta aposta. Acreditámos que o “para quê?” deveria dar lugar ao “porque não?” e assim, em 2016, a título de experiência, foi produzido um lote de 1000 garrafas de Monte Barbo Rosé. Mal sabíamos nós que estávamos a criar mil razões para continuar, já que o lote foi rapidamente degustado na totalidade. Inspirados, triplicámos a produção deste vinho delicado que hoje orgulhosamente compõe o portefólio Monte Barbo. Vamos assim, ao ritmo da aceitação e da capacidade de produção, sem nunca deixar que a pressa se sobreponha à qualidade.
O Monte Barbo Rosé acompanha perfeitamente massas e grelhados de carnes brancas. É o aperitivo de conversa ideal para se ter à mesa, principalmente nos dias em que o carácter mediterrânico do nosso clima se faz sentir em todo o seu esplendor.
Mais informações:
Grau: 13%
Castas: Touriga Nacional.
Vinificação: Bica aberta com seleção de 40% do mosto lágrima.
Notas de prova: Cor rosada pálida, aroma frutado com notas de frutos vermelhos (morango e framboesa). Na boca é equilibrado com suave frescura.
Temperatura de serviço: 10ºC
No início da primavera, em março, fomos confrontados com geadas matinais, mais concretamente na nossa vinha do Monte Trigo (Alicante Bouschet). Embora não tivessem causado grandes estragos, ditaram um amadurecimento mais tardio. Nas restantes castas, felizmente, as boas temperaturas e a não exposição às geadas permitiu um são despertar da videira, com o abrolhamento a antecipar-se relativamente ao ano anterior. No decorrer do ano e com a seca que se verificava, fomos impelidos a aumentar no nosso período de rega, antecipando-o e prolongando-o praticamente até à vindima. Houve sempre, ao longo do ano, um cuidado constate na prevenção e acompanhamento de aparecimento de doenças. O Monte Barbo é de produção familiar e isso traduz-se em ser tratado como um membro da família. Pela família, fazemos tudo.
Com o rápido desenvolvimento vegetativo da vinha, uma floração precoce e uma boa nascença do fruto, as vindimas foram antecipadas em 3 semanas relativamente a 2016, iniciando-se na última semana de agosto. Foram realizadas de forma manual, contaram com a excelente colaboração de trabalhadores agrícolas locais e duraram 10 dias, número que acabou por ditar também as conclusões no aumento da nossa produção: prevê-se que chegue aos 10%, nomeadamente nos tintos.
Destacamos o exigente ano em termos agrícolas, uvas espetaculares, equipa ainda mais espetacular que o vinho (se é que é possível), vinhos topo de gama que se fizeram apresentar em 5 feiras e a bonança das notícias que daí advêm: para o ano começamos a exportar para o Luxemburgo.